segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Locomotiva AC/DC descarrila Morumbi


(São Paulo, BR Press) - Na última sexta-feira (27/11), às 21h35, o grupo AC/DC descarrilou sua endiabrada locomotiva no Estádio do Morumbi, para o delírio de 70 mil fãs presentes. Em única exibição, a clássica banda trouxe um verdadeiro espetáculo na terceira passagem pelo Brasil. O show Black Ice, além de marcar o retorno do grupo após oito anos sem turnê mundial, mostrou que o quinteto australiano segue em forma e, principalmente, visceral. A abertura de Nasi, ex-Ira, com Andreas Kisser, quase passou despercebida.
Depois de ser raptado por três sedutoras mulheres e perder o controle da locomotiva, Angus Young aparece na luta para salvar sua famosa guitarra, peça fundamental para a calorosa apresentação do grupo. A rápida animação logo é seguida dos primeiros acordes da música Rock´n´roll Train, junto da chegada da grande máquina cenográfica ao palco. Ao tempo, o vocalista Brian Johnson, em uma entrada explosiva, avisa o público: "Nós não falamos 'brasileiro', mas falamos o verdadeiro rock´n´roll".
Embalada pela performance impecável do guitarrista Angus Young, além da voz inconfundível de Johnson, a apresentação do AC/DC seguiu basicamente o roteiro dos demais shows da nova turnê. O repertório alternava verdadeiros hinos do rock, com músicas do mais recente álbum Black Ice, de 2008. Em destaque: Hell Ain´t a Bad Place to Be, Back in Black, The Jack, Thundestruck e Hells Bells.
Incomparáveis
Apesar de muitas semelhanças com a trajetória de outras bandas de sucesso, o AC/DC parece resistir a ação do tempo. Apesar das visíveis mudanças físicas, os quase sessentões mostram uma energia de fazer inveja a qualquer grupo da atualidade. O quinteto australiano, na verdade, não retornou aos palcos para fazer uma nova turnê. Simplesmente dá continuidade à pesada fórmula de sucesso que consagrou a banda durante os 36 anos de estrada.
"Recentemente, pude acompanhar um grande show do Metallica, em Madrid, na Espanha, e foi sensacional. Porém, não tem como comparar ao que vimos hoje. O AC/DC é muito mais show e, também, mais espetáculo", afirma Caline Migliato. "É impressionante a energia desses integrantes do grupo. Até agora não consigo acreditar na idade que eles possuem. Foi a melhor apresentação que já fui", completa a fã.
Efeitos especiais
Somado à energética atuação do grupo AC/DC, o show Black Ice usa e abusa de adereços e efeitos especiais. Além da locomotiva que cuspia fogo, o público pode ver uma caricata aeronave, um imenso sino badalado por Brian Johnson, disparos de canhões, uma enorme boneca inflável de seios fartos e ainda uma plataforma que suspendia Angus Young.
A cada surpresa, o público se empolgava, sendo filmado nos três telões espalhados pelo estágio. Luzes vermelhas, emitidas de chifres luminosos, completavam o colorido.
Showman
Para contrastar o lado discreto de Malcolm Young, Cliff Williams e Phil Rudd, a dupla Brian Johnson e Angus Young deu um show à parte. O guitarrista, de habilidade indiscutível, se destacou ao mostrar solos perfeitos e muito mais. Depois de aparecer com o tradicional uniforme escolar, de boina, bermuda e paletó, ele fez um inesperado striptease, com direito à dança sensual e cueca com logo da banda. Angus, de certa forma, parecia estar realmente incorporado pelo deus - ou demônio - da guitarra.
Quando a apresentação parecia ter chegado ao final, os fãs, ansiosos pelo retorno do grupo australiano, gritavam: "Olê, olê, olê, olê, AC/DC". Seguindo o pedido do público e a ordem do "setlist", a banda voltou com mais dois hinos, Highway to Hell e For Those About to Rock (We Salute You). Na primeira, Angus surge por trás de fumaças vermelhas. Na última música, de maneira sincronizada, canhões faziam disparos ensurdecedores.
Para quem imaginava que já tinha visto de tudo, com o apagar das luzes do palco, o AC/DC ainda trouxe mais uma surpresa. Após mais de duas horas de show, uma considerável queima de fogos de artifício celebrou o final da grandiosa apresentação e marcou a despedida dos veteranos do país. Ao que tudo indica, essa pode ter sido a última exibição do quinteto no Brasil.

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