sexta-feira, 20 de junho de 2014

Entrevista Com Luiz Domingues para o Blog Disciplina Frustrada

Entrevista com o músico Luiz Domingues

Luiz Domingues
 Tenho o prazer de ter convidado o músico Luiz Domingues para um bate-papo sobre sua carreira, iniciada em 1976.

Luiz é um dos grandes baixistas na história do rock brasileiro tendo feito parte de lendárias bandas como Patrulha do Espaço e A Chave do Sol.

Atualmente ele tem vários trabalhos em atividade. Entre eles com as bandas Pedra, Kim Kehl e Os Kurandeiros e Ciro Pessoa e Nú Descendo a Escada.

Você vai poder conferir tudo a partir de agora.



Luiz, é um prazer realizar essa entrevista contigo. Sem qualquer dúvida você é uma referência na história do rock brasileiro e te deixo a vontade para responder algumas perguntas nesse bate papo.

Resposta - Antes de mais nada, devo dizer que o prazer é todo meu, e lhe agradeço pela oportunidade de conversarmos, relembrando várias passagens que são comuns para nós dois, pois somos contemporâneos 

1-Quando foi que surgiu a sua paixão pela música? O que te levou a querer se tornar um músico?

Resposta - Bem, é uma história longa. Para resumir, eu diria que o interesse veio de forma escalonada. Por volta de 1966, comecei a me ligar mais detidamente, já curtindo Beatles. Em 1967, os festivais de MPB da TV Record aguçaram muito esse interesse, e em 1968, já grudava o ouvido no radinho de pilha para curtir a programação da Rádio Excelsior de São Paulo ("A Máquina do Som"), e tornei-me fã de Otis Redding, The Mamas and The Papas, Jimi Hendrix, Mutantes e muitos outros. Entre 1969 e 1971, esse processo só foi crescendo e a partir de 1972, já estava com cabelos longos curtindo um monte de coisas bacanas do Rock, Black Music e MPB, principalmente. Mas só em 1974 começou a borbulhar uma ideia maluca na cabeça, de aprender a tocar um instrumento e mergulhar na música, não só como curtidor, mas como aspirante a atuar. Em 1975, isso tornou-se uma ideia mais incisiva e no ano de 1976, finalmente ingressei numa banda com pretensões de construir uma carreira "de verdade", apesar do caráter insípido de tal empreitada, em se considerando a falta de recursos e de qualidade artística e técnica de seus componentes, excetuando-se o então adolescente Laert "Sarrumor"(futuro líder do Língua de Trapo), que mesmo iniciante, já demonstrava grande potencial de criatividade.


2-A Chave do Sol é uma banda super consagrada no cenário roqueiro brasileiro. Inclusive possui um blog onde conta a história da banda. Como foram os primeiros ensaios, os primeiros shows...Teve até uma participação especial do Percy Weiss em algumas apresentações...Conta como foram os primeiros momentos da banda.

Resposta - Muita água passou por debaixo da ponte, antes que eu chegasse ao momento em que fundei A Chave do Sol com o Rubens Gióia e Zé Luis Dinola. Nesse ínterim, eu havia crescido como músico e adquirido uma razoável experiência desde os passos iniciais de 1976 e em 1982, finalmente me achava apto para atuar numa banda autoral com propósitos sérios.
O começo da banda foi muito estimulante para mim. Era a valorização de cada primeira conquista, que era forjada na raça e determinação da banda, focada em seu objetivo.

De fato, o primeiro vocalista da banda foi o Percy Weiss, mas como convidado especial. Ele fez apenas os dois primeiros shows, e dali em diante, seguimos a nossa trajetória, tendo momentos em que assumimos o formato Power Trio ou no quarteto, com a presença de vocalistas. Além do Percy, tivemos outros quatro vocalistas na história da banda, em momentos diferentes : Verônica Luhr, Chico Dias, Fran Alves e Beto Cruz.

A banda teve fases muito boas no decorrer de sua carreira, mas confesso que a fase que mais gosto, é a desses momentos iniciais, entre 1982-1983, pela união, foco, garra e vontade de vencer que tínhamos. Claro que após os discos, exposição midiática e shows importantes, a banda alcançou vitórias expressivas e tenho ótimas lembranças de tais momentos, mas o período inicial é muito especial para mim, particularmente. 



3-A gravação do primeiro disco da banda. Conta como foram os bastidores desse momento e como foi chegar a gravação dos álbuns seguintes.

Resposta - A gravação do primeiro disco da Chave do Sol ocorreu em janeiro de 1984, no estúdio Mosh, em São Paulo, quando ainda ocupavam as dependências de um sobrado no bairro da Vila Pompeia, na zona oeste da cidade.

Não tínhamos muita experiência de estúdio nessa época. Eu havia gravado apenas uma faixa num disco de uma cantor de MPB, em 1980 e uma fita-demo do Língua de Trapo, até então. O Rubens havia gravado um compacto com a Santa Gang, banda que geralmente abria os shows do Made in Brazil entre 1979 e 1983 e o Zé Luis só havia gravado fitas demo com sua ex-banda (Contrabando, cujo guitarrista era o Tony Babalu, ex-Made in Brazil).

Mas tínhamos a nosso favor a precisão pelo esmero que tínhamos em ensaiar exaustivamente e o foco, que era total. Portanto, driblamos a inexperiência com tranquilidade, além do bom relacionamento que estabelecemos com o técnico do Mosh, um rapaz competente e solícito, que também se identificou conosco e muito nos ajudou nesse trabalho, chamado Robson T.S.

Já nos álbuns seguintes, foi muito mais tranquilo, com o amadurecimento da banda em todos os sentidos.  



4-Você acha que havia uma união legal das bandas nos anos 80? A soberba de alguns músicos como em toda profissão, sempre deixa um gosto amargo na história. Você teve esse tipo de problema?

Resposta - Esse negócio de união entre bandas sempre foi relativo. Toda tentativa de organizar associações ou cooperativas, sempre redundou em decepção. Participei de várias tentativas desse nível e a ajuda mesmo sempre deu certo quando foi espontânea, havendo amizade sincera. Aliás, é o curso da vida em sociedade, em qualquer segmento, pois tendemos a ser solidários mesmo é com os amigos mais próximos que nos cercam.

E como você bem observou, sempre tem um ou outro que pisa na bola por soberba, quando se enxerga numa situação melhor que seus pares. É também um microcosmo da sociedade e isso ocorre em qualquer segmento. Talvez no meio artístico, tenha uma amplificação, pelo forte teor de exaltação do ego, com a exposição e a fama inerente que isso traz. 


5-Tivemos aqui no Brasil o Rock in Rio em 1985. Sem qualquer sombra de dúvida foi uma alavancada para colocar o país como uma obrigação de grandes turnes das super bandas de rock do mundo. As bandas brasileiras estavam também totalmente na ativa. Lira Paulistana, Praça do Rock, enfim...vários locais abriram as portas. Como você viu esse cenário nos anos 80?
Você tinha naquele tempo, noção de que se tornaria uma década super importante para a história do rock brazuca?

Resposta - Sem dúvida que a realização do Rock in Rio de 1985, foi fator preponderante para colocar o Brasil definitivamente no mapa do show business internacional, visto que anteriormente, artistas estrangeiros só vinham para cá sazonalmente e geralmente em momentos de baixa na carreira, salvo raras exceções.

A minha percepção pessoal da época, é que o festival foi muito importante, portanto, mas em âmbito nacional, a efervescência, do BR-Rock já estava consolidada há tempos.

A grosso modo, desde 1982 a mídia mainstream havia comprado a ideia do BR-Rock e muitas bandas já estavam no estrelato, inclusive atingindo o grande público, ultrapassando o nicho fechado do Rock,tornando-se verdadeiramente popular, coisa que não ocorria desde a Jovem Guarda, eu diria.

Só que tem um detalhe chato nessa realidade. A maioria das bandas que atingiram o mainstream, eram partidárias das correntes oriundas do Pós-Punk, portanto, seguindo os pilares da cartilha do Punk' 1977, não se preocupavam com a qualidade técnica de forma alguma. Então, salvo as raras exceções, a maioria que "chegou lá", era muito fraca tecnicamente e pior que isso, a formação de opinião nos anos oitenta em prol de tais valores niilistas, forjou a tendência das portas do mainstream ficarem abertas só para quem rezasse por tal cartilha.

Sim, a década de oitenta teve esse mérito de ter espaços para tocar, de forma mais democrática, devo reconhecer. Se o mundo mainstream era fechado para os outsiders que não compactuavam com a turma do Pós-Punk, ao menos havia espaço para sobreviver, atuando no underground. Aqui em SP, era louvável a existência de espaços como os Teatros Lira Paulistana, Mambembe, o circuito de teatros de bairro da prefeitura, as danceterias etc etc.

Agora, sendo bastante sincero, eu tinha (e tenho) muitas restrições à década de oitenta. Talvez o único aspecto positivo que reconheça, seja o da existência de muitos espaços para tocar, pois o patrulhamento ideológico em prol do niilismo, era massacrante. Chegava perto do fascismo, eu diria, sem medo de parecer exagerado. E é claro que eu abominava isso, já na época. 


6-Luiz, passava pela sua cabeça que anos depois você se tornaria um dos ícones na história do rock brasileiro?

Resposta - Puxa, agradeço suas palavras super elogiosas., mas claro que não me considero dessa forma. 

7-Com a saída do Rubens Gioia da banda, você continuou com nova formação e gravou um álbum como "The Key". Teve uma ótima repercussão mas não houve continuidade. Porque?

Resposta - A Chave do Sol teve um desgaste interno muito grande por conta de termos nos iludido com as promessas vazias de um escritório de empresários que nos amarrou com um contrato de valores acachapantes. Estávamos num grande momento na metade de 1986, flertando com um voo mais alto, perto do mainstream, mas graças aos nossos esforços acumulados de quatro anos de labuta. Quando percebemos que os tais empresários estavam apenas lucrando com os contatos que nós já tínhamos, como uma sanguessuga surfista, sem nada fazer para agregar ou amplificar o "momentum", era tarde demais. Com isso, perdemos o embalo e bateu um desânimo muito grande em 1987, com conflitos internos bobos que eram perfeitamente administráveis, ganhando proporção maior do que o devido, minando-nos.

O Zé Luis foi pressionado fortemente pela família a investir num curso universitário e abraçar uma carreira tradicional e resolveu deixar a banda. Tentamos continuar, mas o clima estava ruim e assim gravamos o terceiro álbum, tirando leite de pedra, sem recursos, com pouco apoio externo e o clima ruim entre nós três sobreviventes.

Mas no final do ano, com o disco já sendo lançado, ficou insustentável a situação, pois o Rubens não quis mais participar, mas tínhamos compromissos de shows e TV para cumprir, já agendados, fora a dívida acumulada pela produção do disco, que correu por nossa conta, e sem apoio, portanto, não havia outra saída a não ser reformular a banda e prosseguir, nem que fosse só para saldar as contas.

Hoje em dia, eu lamento muito que tudo isso tenha ocorrido. Jamais quis que a banda parasse, tampouco reformulá-la com um line-up totalmente diferente. Indo além, na época eu considerei como continuidade, apesar de termos sido obrigados a mudar de nome pois o Rubens que tinha o registro oficial em sua posse, não permitiu que continuássemos a usá-lo.

Isso foi muito doloroso para mim, mas vendo hoje em dia, acho que mesmo sendo forjado a forceps, delimitou que A Chave do Sol encerrara atividades e o que veio posteriormente, foi uma nova banda, ainda que identificada com a antiga, por laços artísticos.

O Beto Cruz teve um mérito extrordinário nesse processo pois liderou essa metamorfose. Confesso que estava exaurido em minhas forças e a ruptura com o Rubens havia minado a minha vontade de prosseguir, pois ficamos estremecidos dali em diante por muito tempo. Hoje estamos de bem, ainda bem e o amadurecimentos nos fez enxergar que ninguém traiu ninguém e jamais deveríamos ter parado, pela amizade e luta de tantos anos, mas simplesmente fomos vítimas das circunstâncias da época.

A despeito desse mérito incrível do Beto, que tomou toda a dianteira e reformulou a banda, eu nunca gostei do novo direcionamento que ela adotou posteriormente por conta da influência que os novos membros trouxeram. O som ficou calcado no virtuosismo extremado, com ranço de Heavy-Metal, e eu queria mais é voltar para as minhas raízes sessenta-setentistas.

Fui "empurrando com a barriga", gravei aquele álbum de 1989, mas não aguentei mais e pedi demissão.

Nada contra os novos membros, que são ótimos músicos e amigos legais, mas o direcionamento adotado nunca me agradou.


8-E a Patrulha do Espaço como entrou na sua vida? Tocar ao lado de uma verdadeira lenda do rock brasileiro, o batera Rolando Junior, é um prazer enorme. Como foram esses tempos na banda. Foram 5 anos de Patrulha?

Resposta - Eis aí outra história longa...bem, aqui preciso exercer o poder da síntese, portanto, digo que após minha saída da Chave/The Key (a dissidência da Chave do Sol), fiquei entre 1990 e 1991 sem uma banda autoral oficial e emendei inúmeros trabalhos efêmeros, projetos que não vingaram etc. Até que no início de 1992, recebi o convite do vocalista/guitarrista Chris Skepis para fazer parte de uma nova banda chamada Pitbulls on Crack, com proposta sonora e estética totalmente diferente de tudo o que fizera anteriormente na vida. Topei participar como um desafio pessoal e por lá fiquei até 1997, gerando um monte de histórias legais e com momentos até significativos, com exposição midiática, inclusive. Todavia, chegou um momento em que também me desgastei com a proposta (jamais com as pessoas, quer são meus amigos até hoje) e saí. E esse é o ponto inicial da Patrulha, embora na prática, a "nova" Patrulha só tenha se reunido para valer em 1999.

Isso porque eu resolvi montar uma banda 100% calcada na estética 60/70, sem concessões e/ou preocupações com a mídia, show business, mercado etc etc. O objetivo era fazer o som que curtia, voltando para 1968 e resgatando o molequinho que gostava dos Beatles, Hendrix e Rolling Stones. Para essa empreitada com ares de "Haraquiri mercadológico", coloquei dois garotos imberbes e inexperientes, mas com um talento nato absurdo, que havia conhecido na minha sala de aulas (dei aulas de baixo entre 1987 e 1999), durante os anos noventa, chamados : Rodrigo Hid e Marcello Schevano. Era como se eu fosse um olheiro de futebol e descobrira num campinho, dois moleques, um chamado Neymar e o outro, Ronaldinho Gaúcho...

Mais que o talento nato de serem multiinstrumentistas, cantores, arranjadores e compositores, apesar da pouca idade e do anacronismo natural, eram doidos pela estética dos anos 60 e 70, sem que eu precisa-se "doutrina-los"...

Com essa dupla e a presença do meu velho amigo José Luiz Dinola, passamos o fim de 1997 e o ano de 1998 inteiro ensaiando e compondo o material dessa banda que fora batizada como "Sidharta".

Mas no início de 1999, o Zé Luis sentiu-se desconfortável pelo nosso radicalismo em soar retrô e não conseguindo nos demover dessa determinação em prol de ideias modernosas que queria introduzir, resolveu deixar a banda, infelizmente.

Sem baterista, mas com 21 músicas prontas e arranjadas na bagagem, fizemos uma lista de possíveis bateristas que se encaixariam nesse espírito retrô que queríamos. Claro que não haviam muitas opções nesse nicho assim fechado num ideal. Aí demos uma tacada ousada, convidando o Rolando Castello Junior.

Ele adorou o material e impressionou-se com a versatilidade e qualidade dos garotos, mas deu a sua "contratacada", nos demovendo da ideia de iniciar o trabalho como "Sidharta", uma banda zero KM, sem contatos, sem apoio e sem dinheiro. Como Patrulha do Espaço, já sairíamos com um nome de prestígio em mãos e seria mais fácil do que arrancar da estaca zero.

Dessa forma, trouxemos o material do Sidharta para a banda, ensaiamos os seus clássicos e  assim colocamos a nave de volta no ar, com sangue novo. E o legal, é que o Junior embarcou no ideal e fez com que a Patrulha resgatasse suas próprias raízes setentistas, inclusive voltando a tocar músicas da época do Arnaldo, visto que Rodrigo e Marcello eram ambos tecladistas, também. 

Foi um momento mágico para todos, portanto, e na minha autobio, conto com detalhes, pois propiciou um sem número de histórias. Aliás, fica o convite para ler a narrativa, no meu Blog 2, ou na comunidade Luiz Domingues do Orkut, que uso como plataforma de rascunho. Daqui há pouco, falo sobre os Blogs, seguindo as suas perguntas, Kusdra.



9-Voltando um pouco para os anos 70, o cenário do rock brasileiro era difícil principalmente na luta contra a Ditadura Militar que estava instalada no país. Mas bandas como Made in Brazil, Patrulha do Espaço, O Terço, Mutantes, Rita Lee & Tutti Frutti, Raul Seixas, enfim, um monte de gente competente, tinham expectativas de que tudo ia mudar para melhor.
Como você enxerga esse período na história do rock brasileiro?

Resposta - São vários aspectos em relação à essa período. Pelo ponto de vista artístico, o nível do Rock brasileiro, era o mais alto possível, com todas essas bandas que você citou e mais outras tantas. Havia o fato de que as coisas chegavam com atraso no Brasil e portanto, em 1970 é que o Flower Power chegou por aqui, explodindo em 72, 73...

Essa atmosfera de desbunde hippie contaminou positivamente também a MPB e não resta dúvida de que a efervescência foi enorme, criativa e de alto nível artístico.

E como um mérito a mais, em plena ditadura de extrema direita, ou seja, com toda a repressão possível e perseguindo a arte livre com censura e pressões de toda sorte.

Apesar desse quadro tétrico da repressão, foi um momento de grande euforia por parte dos hippies, freaks & Rockers tupiniquins, do qual guardo lembranças maravilhosas. 


10-Você possui dois blogs e aborda diversos assuntos. Eu acho isso muito legal porque os fãs gostam de saber o que pensa o músico sobre cultura, política, religião, futebol, enfim, as coisas que estão em volta de todos.
Qual foi a sua idéia em criar os blogs e abordar vários assuntos?

Resposta - Eu sempre gostei de escrever, desde a infância. Se a música e o Rock em específico, não tivessem me atropelado, eu certamente teria enveredado para o jornalismo e viveria feliz, escrevendo crônicas para o resto da vida.

Em 2011, recebi o convite de um blogueiro para enviar-lhe textos, como colaborador e a repercussão foi muito boa, bem acima do que eu esperava e isso animou-me a prosseguir. Tornei-me colunista quinzenal do Blog do Juma, e dali em diante, outros convites foram surgindo. Ainda em 2011, eu estava escrevendo para sete ou oito blogs e daí o próprio Juma deu-me um impulso, criando o meu Blog 1 em 2012, entregando-me pronto. Assim que aprendi a editar e publicar meus textos, passei a arquivar toda a minha produção escrita em outros Blogs, ali e também passei a publicar textos inéditos.

Mas não abri mão de ser colaborador de outros Blogs. Sou ainda colunista do Blog Planet Polêmica, Site/Blog Orra Meu e do Blog Limonada Hippie, fora colaborações sazonais em outros Blogs e na revista Cinema Paradiso, especializada em cinema.

Atualmente também tornei-me colunista da Revista Gatos & Alfaces, esta uma publicação impressa, tradicional.

No caso do meu Blog 2, a proposta é a de convidar outros escritores e assim, hoje em dia tenho quatro colunistas fixos que publicam geralmente crônicas e estou publicando os capítulos da minha autobiografia, divididos por cada banda onde atuei e numerados, logicamente, para o leitor não se perder.

Esse é um ponto importante a se destacar : eu quase nunca falo de música, que é o assunto que mais esperariam que eu falasse. Gosto imensamente de cinema, política, ciências sociais, ambientalismo, futebol, literatura, artes plásticas, história...enfim, é sobre tudo isso que escrevo e evito a obviedade da música.

Mas, tenho aumentado a carga nesse tema, desde quando comecei a destacar artistas com pouca projeção que tem me encantado pela qualidade artística. Além de dar minha humilde contribuição para difundi-los, tenho o prazer pessoal de falar de música, mas fugindo dos clichês que esperariam que eu enfocasse pelo fato de ser músico.

Peço licença ao Kusdra e deixo aqui os endereços citados :

Blog do Luiz Domingues :

http://luiz-domingues.blogspot.com.br/

Blog do Luiz Domingues 2 :

http://blogdoluizdomingues2.blogspot.com.br/

Comunidade Luiz Domingues - Orkut :

http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=14081928




11-Atualmente você faz parte de duas bandas: Pedra e Kim Kehl & Os Kurandeiros. Kim Kehl é um super guitarrista, gente boa pra caramba e que tem uma larga história no rock também. A Banda Pedra, te confesso, acho simplesmente fantástica.
Vejo várias publicações nas redes sociais sobre a banda e a sonoridade é maravilhosa. Espero um dia ter a oportunidade de assistir um show da banda, mesmo estando um pouco longe dos grandes centros. Mas enfim, conta como surgiu a formação da banda e qual o projeto para o futuro?

Resposta - O Pedra surgiu no final de 2004, num momento em que eu havia deixado a Patrulha do Espaço e estava sem muito gás para iniciar um trabalho novo. Mas a proposta do guitarrista Xando Zupo soou-me alvissareira, no sentido de que não se tratava de uma banda de Hard-rock tradicional que ele estava montando, mas a ideia era ter um leque muito mais aberto, abrangendo a MPB e a Black Music num primeiro momento e no decorrer do trabalho, o Folk também se amalgamou ao trabalho, por influência do Rodrigo Hid que tem bastante conhecimento no assunto, e nós também curtimos, é claro.

A banda tem uma sonoridade muito legal e soa setentista, embora não seja uma condição sine qua non, como era no projeto Sidharta, como enfoquei anteriormente.

Em 2011, a falta de espaço e oportunidades minou as nossas forças, e a banda encerrou atividades, aliás contra a minha vontade, numa eleição com placar 3 x 1 para os adeptos da ideia de terminar a história.

Nesse ínterim, recebi o convite do guitarrista Kim Kehl e entrei nos Kurandeiros, sua banda, mas com o objetivo de abarcar um segundo trabalho em paralelo, quando eu e ele, Kim, faríamos parte da banda de apoio do Ciro Pessoa, denominada "Nu Descendo a Escada".

Em 2012, os membros do Pedra que votaram no seu final, chamaram-me para uma reunião e em princípio, achei que queriam terminar a gravação do terceiro álbum, interrompido pelo fim prematuro da banda ou algum show sazonal que aparecera. Mas a proposta revelou-se uma volta, e com o passar do tempo emendamos uma série de shows bacanas e pelo fato de terem surgido várias músicas novas, iniciamos a gravação do terceiro álbum, enfim, com canções novinhas se juntando às engavetadas da safra anterior.

Então, o Pedra voltou, mas não havia cabimento em deixar os Kurandeiros, pois estava/estou feliz nessa casa, super entrosado com o Kim e o baterista Carlinhos Machado e assim acumulei essa banda.

Mas também acumulei o trabalho do Ciro, cujo teor eu gosto muito, pois ao contrário de seus trabalhos pregressos envolvidos na estética do Pós-Punk (o Ciro foi membro fundador dos Titãs e do Cabine C), o trabalho solo dele é 100% psicodelia sessentista, via Pink Floyd fase Syd Barrett, Mutantes, Beatles e outros similares e nas letras, o surrealismo de Salvador Dali e Andre Breton, são influências nítidas.

Nessa loucura total, é claro que eu adoro fazer parte e me sinto tocando no Fillmore West em 1967, portanto, é um prazer enorme para mim.

Considerando que os Kurandeiros formam a base de apoio do Nu Descendo a Escada, existe também um terceiro desdobramento, visto que os Kurandeiros, acrescidos do tecladista Alexandre Rioli, tocam toda quarta no Magnólia Villa Bar, sob o nome de "Magnólia Blues Band" e a cada semana, um convidado especial da cena do Blues brasileiro se junta a nós para uma jam.

Resumindo, tenho quatro bandas na atualidade, tipo de situação que não é a ideal a meu ver, visto que o certo é ter um trabalho só, mas na atual circunstância onde me afeiçoei à todos esses trabalhos, sigo com todas e rezando para não haver grandes conflitos de agenda...


12-Como você vê o cenário do rock brasileiro atualmente?

Resposta -  Atualmente o cenário do Rock está o pior possível. Quem está na ativa, está lutando com muitas dificuldades pois a subcultura dominou todos os espaços do mainstream, empurrando artistas consagrados para o patamar médio e como resultado disso, os pequenos do underground estão lutando no subsolo do subsolo.

Sou um otimista por natureza e acredito que esse lixo incrível que dominou a difusão cultural de forma avassaladora, vai arrefecer suas forças em algum momento ou algum marketeiro vai querer reciclar e mudar a onda da formação de opinião, mudando radicalmente. Voltaríamos assim a viver num mundo cartesiano onde o lixo é lixo e o luxo é luxo, só para variar um pouco...


13-Luiz, qual o disco da sua vida? Aquele que você acha o mais importante na história? Difícil não é? rsrs.

Resposta - Caramba, Kusdra !! Isso é completamente impossível de se resumir num disco só.
Reformule a pergunta para 100 discos e eu te respondo...
Poderia citar qualquer disco dos Beatles, mas poderia ser The Who, Stones, Hendrix, Zeppelin...


14-Eu sei que é difícil ou quase impossível, mas cite 3 bandas nacionais e 3 estrangeiras que você considera como as melhores em todos os tempos.

Resposta - Impossível também !! Mas para não deixar sem uma resposta satisfatória, eu poderia citar três exemplos do Rock brasileiro : Som Nosso de Cada Dia ; Mutantes e Rita Lee & Tutti-Frutti. No internacional, vou forçar a barra e citar os quatro cavaleiros do "Rockalipse" : Beatles, Stones, Who e Zeppelin.


15-Comente um pouco sobre a importância das redes sociais hoje em dia na divulgação do trabalho do músico.

Resposta - Creio que é a única arma que temos hoje em dia para qualquer tipo de divulgação, todavia, tem o aspecto contra, que é a pulverização total. Para atrair atenção, é quase tão difícil quanto ganhar a Mega Sena acumulada, na análise combinatória pura e simples.


16-Estamos em Junho de 2014, perto das eleições e o cenário político brasileiro é de total desordem.
Como é possível mudar tudo isso? Você acha que somente nas urnas isso é possível?

Resposta - Democracia se exercita com tentativa e erro. Faz parte do sistema, esse longo período de amadurecimento. Alternância de poder é salutar e faz bem para a saúde administrativa do país, mas o povo ainda reage como torcedor de futebol, polarizando as discussões de forma cega, baseada em paixões ideológicas e não analisando critérios técnicos.

A manipulação da opinião pública nunca foi tão violenta como nos dias atuais e as redes sociais infestadas de pequenos Goebbels postando mentiras de lado a lado, o dia inteiro.

Gostaria muito que o Brasil apostasse numa terceira via, uma novidade. A despeito dos escândalos de corrupção e erros administrativos cometidos pelo PT, não acho de forma alguma que a solução seja reconduzir o PSDB/DEM ao poder.

A alternância no poder estadual também seria muito salutar, após cinco mandatos consecutivos dos tucanos com seus resultados pífios e portanto inadmissíveis em se considerando que estão há 20 anos no poder e contam com um orçamento bilionário, maior que a maioria dos países do planeta.


17-Agora não é bem uma pergunta e sim um espaço para que você fale sobre algo que não perguntei e que você gostaria de deixar registrado. O espaço é seu.

Resposta - Bem, reforço o convite para ouvirem o trabalho das minhas bandas e visitem meus Blogs, deixando comentários nos vários textos que ali se encontram disponíveis. 

18-Luiz, foi um enorme prazer realizar esse bate-papo contigo. O Blog Disciplina Frustrada e a Rádio Stay Rock Brazil, ficam agradecidos de ceder esse espaço para você que é um dos grandes nomes na história do rock brasileiro.
Por favor informe os links onde a galera pode encontrar você e seus trabalhos.

Resposta - Muito obrigado pela força. Fiquei imensamente feliz em conceder uma entrevista tão detalhada, com uma atenção rara.

Conheçam o trabalho do Pedra, vendo o Blog Letras Miúdas da nossa banda :

http://www.pedraonline.com.br/

O trabalho do Kim Kehl você acompanha aqui :

http://www.reverbnation.com/kimkehloskurandeiros

E o Ciro Pessoa & Nu Descendo A Escada :

http://www.reverbnation.com/artist/artist_songs/579876

Todas as bandas tem páginas no Facebook, comunidades no Orkut e representação em outras redes sociais.

Um abraço ao William Kusdra, amigos da Stay Rock e Blog Disciplina Frustrada !!  


Termino a publicação da entrevista que realizei com o Luiz agradecendo imensamente o tempo que ele precisou disponibilizar para o Blog e para a Rádio Stay Rock Brazil, mas com a certeza de que valeu a pena o registro sobre o grande trabalho realizado por ele ao longo de sua brilhante carreira e evidentemente o que ainda está por vir.
Um grande abraço a todos. 
William Kusdra

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Ouça a Rádio Web Stay Rock Brazil pelo seu celular

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