segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Grupo teatral organiza ato em apoio a Mário Bortolotto





SÃO PAULO - Artistas, produtores, técnicos e funcionários do Espaço Parlapatões vão se reunir esta noite em ato pela recuperação do dramaturgo Mário Bortolotto e em repúdio à violência. O encontro acontecerá a partir das 21 horas, na Praça Roosevelt, 158, região central de São Paulo. O dramaturgo paranaense, de 47 anos, foi baleado ontem durante um assalto e está internado em estado grave na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, onde já passou por duas cirurgias.



Segundo o blog do grupo, a peça "O Papa e a Bruxa" não será encenada hoje para que o elenco possa participar do ato. O grupo pede a presença dos amigos, artistas, público, frequentadores da praça, vizinhos, jornalistas e "todos os que se dispõem a enfrentar a violência". Trechos de peças e poemas de Bortolotto serão lidos durante o ato.

Os tiros que atingiram o dramaturgo Mário Bortolotto, de 47 anos, e o desenhista Henrique Figueroa, de 30 anos, conhecido como Carcarah - durante uma tentativa de assalto no bar do Parlapatões, anteontem -, representaram o ápice da violência que há vários meses tem aumentado na Praça Roosevelt, no centro de São Paulo, segundo artistas e frequentadores do local. Eles afirmam que os furtos, roubos e brigas já eram constantes no lugar, mas sem registro de tiros ou de agressões contra as vítimas.



"O lugar pareceu ser mais seguro com a chegada da classe artística (há três anos), que tentou inserir a população, inclusive os moradores de rua", relata a atriz Guta Ruiz, que estava no dia do crime ao lado dos amigos e chegou a levar uma coronhada dos bandidos. "Mas a contrapartida em segurança não veio para quem está aqui."



O dramaturgo reagiu ao ataque dos assaltantes (pediu para que atirassem nele em vez de machucarem os outros frequentadores do espaço) e foi ferido. As balas atingiram o coração. Bortolotto segue internado em estado grave. Carcarah passa bem, mas continua no hospital.



Cracolândia



O cenário do crime foi o bar que reúne em especial a classe artística após as apresentações de peças de teatro. De acordo com os frequentadores, a situação piorou após a tentativa de revitalização da chamada cracolândia - região na área central ocupada por viciados, a cerca de três quilômetros do local.



"Foi como se tivessem passado um espanador da cracolândia e espalhado os problemas", acredita a atriz Martha Nowill, que faz parte do elenco de "Brutal", peça de autoria de Bortolotto. "Festeja-se muito a virada cultural, programas pontuais, mas e o dia a dia do teatro, como é que fica?", questionou o ator Jiddu Pinheiro. "Não adianta só maquiar o problema. Os artistas estão lá diariamente."



Desde abril de 2005, o governo municipal promete iniciar as obras de revitalização da Praça Roosevelt, uma reivindicação de artistas, moradores e frequentadores do espaço. O corte de quase R$ 5 bilhões feito pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM) no Orçamento deste ano impediu o início o projeto, orçado em R$ 40 milhões. São necessárias ainda desapropriações de imóveis vizinhos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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